De acordo com o Ministério da Saúde, a abordagem melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os cuidados paliativos são a assistência integral oferecida para pacientes e familiares diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. O objetivo é oferecer tratamento eficaz para os sintomas de desconforto que podem acometer o paciente, sejam eles causados pela doença ou pelo tratamento. No Brasil, o primeiro conselho a reconhecer a boa prática dos cuidados paliativos foi o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Em 2006, foi publicado um livro construído pelas principais lideranças da época (o médico Reinaldo Ayer foi o líder da iniciativa). O CFM (Conselho Federal de Medicina) também tem uma câmara técnica especialmente dedicada ao tema.
A médica Ana Claudia Quintana Arantes, especialista em geriatria com formação avançada em Cuidados Paliativos, explica que Pallium vem do latim e quer dizer manto, cobertor. Portanto, são os cuidados de proteção que melhoram a qualidade de vida dos pacientes, pois cuidam de tratar o sofrimento que a doença pode trazer. Ana Arantes pontua que o Conselho Federal de Medicina tem proporcionado excelentes oportunidades de revisão deste conceito errado, trazendo a resolução sobre recomendação de cuidados paliativos aos pacientes fora de possibilidade de tratamento de cura em fase final de vida, o código de ética médica e a recomendação acerca das diretivas antecipadas ao alcance da boa prática médica. “Ainda precisamos de formação consistente na área para que a prática destes cuidados realmente seja equivalente ao que se prática na Europa e na América do Norte”, aponta.
Cenário no Brasil
De acordo com Ana Arantes, agora existe a obrigatoriedade da formação de Cuidados Paliativos na graduação de Medicina. “Por causa de uma sessão plenária da câmara onde pude falar sobre. A importância do tema, o Conselho Nacional de Educação aceitou me ouvir nesta defesa da importância do ensino dos Cuidados Paliativos para todos os estudantes de medicina. E então pude ajudar na escrita das novas diretrizes de ensino da graduação de medicina do Brasil. Mas como essa conquista, formalizada a publicação delas no Diário Oficial ainda é muito recente, as faculdades ainda não tiveram tempo hábil de se organizarem”, revela. A especialista agora é docente da disciplina eletiva de Cuidados Paliativos na Faculdade de Medicina do ABC.

A médica também afirma que poucas pessoas têm conhecimento sobre o assunto, entretanto, existe uma melhora, pois há residência médica multiprofissional, além de cursos de pós-graduação, que ainda são poucos, mas estão se dedicando a oferecer formação de qualidade aos profissionais de saúde.
Trabalho paliativo e abordagem da família
Ana Arantes comenta que ao prestar a assistência dos cuidados paliativos, é oferecida a chance de a pessoa expressar sua vontade sobre tratamentos e cuidados que considere dignos. Para ela, é muito difícil que alguém possa se considerar feliz por estar vivo se estiver com dor ou qualquer outro sofrimento físico considerado intenso e insuportável.Ao ter seu sofrimento físico aliviado, a pessoa poderealmente se sentir viva e mais capaz de lidar com os desafios do adoecimento.
Precisamos cuidar da família com o mesmo compromisso que cuidamos do paciente. Ninguém que é amado adoece sozinho. Sua família sofre junto e precisa ser amparada”, alerta.
Interação entre as diferentes áreas da saúde na abordagem do paciente sob cuidados paliativos
A geriatra destaca que um profissional de saúde não consegue oferecer cuidados paliativos adequados se não souber ou não puder fazer isso em equipe. É preciso que este trabalho seja realizado por profissionais de diversas áreas de conhecimento da saúde para que o paciente possa receber de fato o cuidado integral necessário para o alívio do seu sofrimento. Segundo a médica, quem não sabe trabalhar em equipe, pode ter grandes dificuldades nesse trabalho.