A instabilidade persistente no Oriente Médio continua a gerar ondas de preocupação nos mercados financeiros ao redor do mundo. Autoridades estimam pelo menos 6.000 mortes desde o ataque protagonizado pelo Hamas, grupo palestino que enfrenta Israel.
O governo de Israel reporta 700 mortos e 2.300 feridos após os ataques. Do lado palestino, estima-se 3.478 mortos na Faixa de Gaza, incluindo pelo menos 853 crianças.
“Conflitos regionais, como os ocorridos recentemente, têm um potencial significativo para desestabilizar não apenas a região, mas também os mercados internacionais, afetando países que mantêm laços comerciais e financeiros com a área. Os efeitos dessa crise não passam despercebidos”, comenta Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial & Country Manager da Savel Capital Partners.
Impactos Econômicos Globais
Na última segunda-feira (09), as principais bolsas do mundo operaram em queda e o dólar atingiu R$ 5,17, enquanto os preços do petróleo subiram devido à cautela dos investidores diante da crise no Oriente Médio.
A região do Oriente Médio possui um papel crucial na economia global, sendo um dos maiores exportadores de petróleo do mundo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) produz aproximadamente 40% de todo petróleo extraído no mundo e responde por 70% das exportações desse recurso em todo o globo.
Segundo Luciano Bravo, qualquer perturbação na produção ou distribuição de petróleo tem repercussões imediatas nos preços internacionais. Desde os recentes eventos, o preço do barril registrou um aumento considerável, provocando um aumento nos custos de produção em diversas indústrias ao redor do mundo. A estimativa feita pelo banco francês Société Générale é que o preço internacional do barril de petróleo alcance US$ 100 em 2024.
Países altamente dependentes do petróleo importado são os mais afetados, enfrentando pressões inflacionárias e uma potencial desaceleração econômica. Além disso, a incerteza geopolítica na região faz com que investidores e empresas hesitem em iniciar novos projetos ou expandir operações, resultando em uma menor injeção de capital em setores cruciais, como infraestrutura e tecnologia, explica Luciano.
Impactos no Brasil
O Brasil, como uma economia emergente, não está imune aos efeitos da crise no Oriente Médio. Entre janeiro e julho de 2023, o Brasil importou mais de 8 milhões de toneladas de petróleo a um preço total de US$ 5 bilhões. Os recentes aumentos nos preços podem pressionar a inflação e impactar os custos de produção em todos os setores.
Em recente entrevista, André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), afirmou que existe uma pressão no mercado para um possível aumento do diesel e da gasolina até o final do ano no Brasil. Para Braz, “há muita cautela neste momento. Para cada 1% de aumento da gasolina, o impacto na inflação ao consumidor é de 0,05 ponto percentual. Então, um aumento de 5% na bomba, por exemplo, representaria um acréscimo na inflação de 0,25 ponto. Isso é inflação na veia”, disse.
A crise no Oriente Médio não é um problema isolado, mas sim um tema que ressoa em todos os cantos do globo. “A incerteza global tende a reduzir os investimentos estrangeiros diretos, afetando a capacidade de crescimento econômico também no longo prazo”, diz Luciano.