Oncologista comenta o tratamento contra o câncer, a importância da fé e o aprendizado com os pacientes
Ao ser questionada sobre o motivo de a consulta oncológica ser uma das que mais provocam angústia no paciente, a oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães (CRM-PR 22.643 e RQE 19.751) explica que isso ocorre porque o câncer é associado a incertezas, sofrimento e, muitas vezes, ao medo da morte. A médica diz que o diagnóstico traz impacto emocional significativo, tanto pelo estigma da doença quanto pelas mudanças causadas na vida do indivíduo e de sua família. “Além disso, envolve decisões complexas sobre tratamentos que podem ser agressivos e ter efeitos colaterais importantes, o que contribui para aumentar a ansiedade”, aponta.
Apesar de a quimioterapia ser essencial na luta contra o câncer, não é um tratamento fácil. Para os pacientes que serão submetidos a ela, Maria Cristina enfatiza a importância de entender o tratamento, como a quimioterapia age e seus objetivos, seja curativo ou paliativo. A médica também orienta sobre o uso de medicamentos para controlar náuseas, cuidados com a pele e a hidratação, além de abordar sobre dicas inerentes a cada tipo de esquema quimioterápico. “Saber o que se pode esperar, reduz a angústia sobre o tratamento. É importante adotar uma alimentação equilibrada, com alimentos leves, ricos em nutrientes e ter o acompanhamento com um nutricionista”, salienta.
Outro ponto citado pela oncologista é manter a comunicação aberta. Maria Cristina pede aos pacientes que relatem qualquer efeito colateral ou sintoma para intervenções precoces. Ademais, buscar suporte psicológico pode ajudar a lidar melhor com o processo, e a pessoa precisa focar no autocuidado, respeitando os limites do corpo e descansar quando necessário.
Manter a imunidade durante o tratamento oncológico
Alimentação balanceada: consumir frutas, verduras, proteínas magras e evitar alimentos ultraprocessados.
Higiene rigorosa: lavar bem as mãos e alimentos, além de evitar contato com pessoas doentes.
Hidratação: manter o consumo adequado de líquidos.
Atividade física moderada: quando liberada pelo médico, exercícios leves podem fortalecer o sistema imunológico.
Vacinas recomendadas: atualizar vacinas, como a da gripe, sempre sob orientação médica.
Monitoramento constante: realizar exames para avaliar glóbulos brancos e intervir rapidamente em caso de infecções. Aferir a temperatura com termômetro — caso apresente febre, procurar atendimento de emergência para uma avaliação mais cuidadosa.
Fé
Segundo a especialista, para muitos pacientes, ter fé é um pilar fundamental durante o tratamento. A fé pode proporcionar esperança, força e resiliência, ajudando a enfrentar os desafios físicos e emocionais. Como lembra a médica, independentemente da religião, acreditar em algo maior traz conforto e, muitas vezes, contribui para uma perspectiva mais positiva, primordial para a adesão ao tratamento. “Sempre respeito e incentivo que cada paciente se conecte com sua espiritualidade ou recursos internos que os fortaleçam”, pontua.
O paciente oncológico e o trabalho
Conforme Maria Cristina, cada caso é avaliado individualmente, considerando o equilíbrio entre a saúde física, emocional e as necessidades do paciente. Entretanto, a continuidade do trabalho depende de vários fatores, como o tipo de câncer, o estágio, o tratamento e o tipo de ocupação. Ela salienta que alguns podem continuar trabalhando, especialmente se for uma fonte de satisfação e apoio emocional.
No entanto, a oncologista recomenda pausa quando o tratamento exigir internações frequentes ou visitas regulares ao hospital; se o paciente apresentar fadiga intensa ou outros efeitos colaterais incapacitantes; se o trabalho envolver riscos à saúde, como exposição a agentes infecciosos ou esforço físico excessivo.
Aprendizado
De acordo com a médica, cuidar de pacientes com câncer lhe ensinou muitas lições valiosas, como:
Empatia verdadeira: ela aprendeu a ouvir com atenção e estar presente de forma genuína.
A força do ser humano: Maria Cristina vê diariamente resiliência e coragem diante das adversidades.
A importância do vínculo médico-paciente: uma relação de confiança pode transformar o processo de tratamento.
A vida é preciosa: o contato com pacientes oncológicos faz a especialista lembrar da fragilidade da vida e da importância de valorizar os pequenos momentos.
A ciência e a humanidade caminham juntas: oferecer tratamentos baseados em evidências, mas nunca esquecer do acolhimento emocional, é essencial para cuidar integralmente do paciente.