Graças à doação individual de Marcelo Alvalá, o Instituto Terra superou uma lacuna em sua RPPN, fortalecendo a restauração da Mata Atlântica e a conexão entre áreas protegidas
Aimorés, abril de 2025 – As doações desempenham um papel crucial na sobrevivência e no impacto de organizações da sociedade civil, especialmente aquelas dedicadas à conservação ambiental. Muitas dessas instituições, como o Instituto Terra, atuam em frentes essenciais para o futuro do planeta, mas dependem do apoio financeiro de pessoas físicas, empresas, fundações e entidades públicas para continuar suas atividades. Fundado por Lélia Wanick Salgado e Sebastião Salgado, o Instituto Terra é uma organização sem fins lucrativos que se dedica à restauração do bioma da Mata Atlântica na região da Bacia do Rio Doce. Assim como tantas outras ONGs, enfrenta o desafio constante de captar recursos — que, por vezes, surgem de maneira inesperada. Foi o que aconteceu em julho de 2022, quando Marcelo Alvalá decidiu visitar a sede do Instituto Terra, localizada em Aimorés (MG).
Desde jovem, Alvalá demonstrava uma forte sensibilidade ambiental, que se intensificou com o tempo. Nos anos 2010, ao conhecer o trabalho da Associação Mata Ciliar, ficou impactado com a atuação na reabilitação de animais silvestres vítimas da expansão urbana. “Adotei algumas delas, através de doação por vários anos. Mas ainda sentia que podia e devia fazer mais pelo meio ambiente”, lembra.
Em 2020, inspirado por uma reportagem sobre a valorização econômica da floresta em pé, Marcelo passou a buscar formas mais diretas de contribuir com a conservação ambiental. Chegou a cogitar a compra de terras para preservação, mas dificuldades logisticas o levaram a procurar projetos já consolidados. O Instituto Terra se destacou como uma opção promissora, pela sua atuação abrangente em restauração ecológica.
Foi então que, em julho de 2022, surgiu a oportunidade de visitar o Instituto Terra pessoalmente, por meio de uma parceria da empresa onde trabalha. “Lá, pude compreender melhor o tamanho do desafio superado pela Lélia e pelo Sebastião Salgado, partindo de um início onde tudo parecia improvável e alcançando uma dimensão extraordinária para a recuperação da biodiversidade local.”
Ao chegar a Aimorés, encontrou muito mais do que imaginava. Conhecer os viveiros de mudas, o laboratório de sementes, o meliponário, os programas de educação ambiental e, principalmente, caminhar pelas áreas já restauradas, revelava a escala e a profundidade da transformação em curso. “Percorrer as áreas de plantio e ter contato com o trabalho de renascimento dos olhos d’água me deixou muito entusiasmado em descobrir como poderia contribuir concretamente com um projeto tão transformador.”
Marcelo deixou o Instituto com a certeza de que havia encontrado uma causa na qual valia a pena investir. Pouco tempo depois, fez uma doação destinada à ampliação da área reflorestada, contribuindo diretamente para a aquisição de uma nova propriedade a ser incorporada à RPPN do Instituto Terra. “Vi então a possibilidade de auxiliar o Instituto a ampliar a área de plantio de mudas nativas, além de eventualmente acrescentar recursos naturais vitais para a sustentação de todo o projeto.” Sua ação não foi apenas simbólica, mas uma intervenção concreta para proteger e restaurar a Mata Atlântica.
Juliano Salgado, diretor executivo do Instituto Terra, destaca a importância da doação de Marcelo Alvalá para a consolidação das áreas protegidas pelo Instituto. “Já havíamos adquirido quatro propriedades no entorno da nossa RPPN, mas uma área de 19,60 hectares permanecia isolada entre elas. Com essa doação, conseguimos enfim incorporar essa ‘conexão’ ao território protegido, criando uma reserva unificada. Isso nos permitirá realizar um trabalho mais eficiente, além de garantir a continuidade dos corredores ecológicos essenciais para a restauração da Mata Atlântica na região.”
Histórias como a de Marcelo mostram que o engajamento individual pode gerar impactos profundos quando conectado a iniciativas sérias e comprometidas com a transformação ambiental. Segundo dados do Censo GIFE de 2022, no Brasil, as doações realizadas por pessoas físicas ultrapassaram os R$ 110 milhões, o que demonstra que a sociedade civil está cada vez mais consciente da importância de sua participação na transformação ambiental. Em um mundo onde o tempo para agir em prol da natureza está se esgotando, apoiar instituições como o Instituto Terra é uma das formas mais efetivas, imediatas e duradouras de contribuir para a restauração da biodiversidade e a construção de um futuro sustentável.