A presença do SAGUI-DA-SERRA-CLARO no Instituto Terra, espécie criticamente ameaçada de extinção, destaca o efeito positivo da Restauração ambiental
Aimorés – Outubro de 2024 – O Instituto Terra, organização sem fins lucrativos fundada em 1988 pelo casal Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado, e que já plantou mais de 3 milhões de árvores em sua sede localizada em Aimorés, é responsável por levar a transformação ambiental para lugares que vão adiante de suas fronteiras. Além da restauração, do desenvolvimento rural sustentável e da educação ambiental, sobra espaço para produção de ciência e conservação, é o que se pode afirmar após o avistamento da espécie Sagui-da-Serra-Claro (Callithrix flaviceps).
A primeira observação do Sagui-da-Serra-Claro (Callithrix flaviceps) aconteceu em 2023, nas margens do Córrego Constância, na RPPN Fazenda Bulcão. Foram as biólogas Claudia Aparecida Pimenta e Gabrielle Cesconete Babinsk, integrantes da equipe da BIOCAPI – consultoria ambiental especializada em monitoramento de diversidade, que tiveram a grata surpresa de encontrar o primata durante o ensino de uma das aulas práticas da disciplina sobre fauna silvestre, do NERE – Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica.
A espécie foi catalogada e, por meio de uma ação conjunta com a BIOCAPI, foi realizada a identificação e o monitoramento do primata na RPPN Fazenda Bulcão.
A consultora Cláudia A. Pimenta ressalta a relevância da identificação da espécie Sagui-da-Serra (Callithrix flaviceps) na Fazenda Bulcão para o Instituto Terra. Segundo ela, o pequeno primata brasileiro, exclusivo da Mata Atlântica, é considerado “criticamente em perigo” pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN e, por isso, é significativo observar sua ida natural à RPPN, provavelmente ocasionada pela disponibilidade de abrigo e pela variedade de alimentos, como frutas, insetos, pequenos vertebrados, exsudatos de plantas (goma, seiva, látex), além de fungos e sementes.
No mesmo ano, foram realizadas outras expedições com busca ativa, resultando na identificação de um grupo de cinco indivíduos de Saguis-da-Serra-Claro (Callithrix flaviceps), sendo eles quatro adultos e um filhote, comprovando a saúde ecológica e o sucesso das ações de restauração, além de evidenciar que o ambiente está se tornando progressivamente mais favorável para a sobrevivência e expansão populacional de diversas espécies ameaçadas.
De acordo com Jeieli M. de Oliveira Capettini – Gerente de Educação e Pessoas – que está à frente do NERE, “o reflorestamento é uma prática essencial para restaurar ecossistemas degradados e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas, a verdadeira riqueza do reflorestamento vai além do plantio de mudas e de árvores e reside na diversidade de vida que podemos apoiar. “A cada nova descoberta, somos lembrados da complexidade e riqueza da diversidade que a floresta abriga e que toda vida é interconectada. Ao ensinar crianças, jovens e adultos sobre o seu papel ativo na preservação, estamos ampliando a compreensão sobre como o equilíbrio do planeta e como as ações individuais e coletivas podem fazer a diferença”, finaliza.
Para José Almir, Consultor Sênior do Instituto Terra, receber a notícia da descoberta do Sagui-da-Serra-Claro na RPPN, uma área protegida e gerida pelo Instituto Terra, é entusiasmante. Esta descoberta ressalta a importância da conservação e da restauração ambiental para a preservação da biodiversidade. “O Sagui-da-Serra, uma espécie endêmica da Mata Atlântica e em situação de vulnerabilidade, é um símbolo do equilíbrio que buscamos restabelecer em nossos ecossistemas. Esse achado reforça o compromisso do Instituto Terra em proteger a fauna e flora locais, contribuindo para a recuperação da diversidade biológica em nossas florestas.. Por isso, existe a necessidade de angariar recursos para sustentação de projetos não só pontuais, mas a longo prazo, que envolvam parcerias científicas e até mesmo tecnológicas que fortaleçam os esforços locais e a contribuição para a manutenção da biodiversidade local ajudando a compreendermos a interação da fauna e proteção das espécies ameaçadas de extinção”, completa ele.