No mundo dos negócios, é comum que empresas de diferentes áreas tenham um conselho consultivo, isto é, um grupo de profissionais experientes que oferece aconselhamento, recomendações, sugestões e insights para acionistas, empresários e executivos tomarem decisões assertivas. Mas, afinal, como deve ser o perfil e a atuação de um conselheiro?
Para Gillian Borges, presidente da Associação dos Conselheiros TrendsInnovation, é importante que a pessoa que ocupa essa posição seja um “visionário estratégico”. Em outras palavras, alguém com olhar para o presente e futuro, capaz de antecipar tendências, orientar negócios em um cenário dinâmico e conectar inovação e crescimento sustentável à longevidade empresarial.
“Os conselhos precisam parar de olhar apenas para o passado e para os relatórios financeiros. O papel de um conselheiro vai além: é preparar a empresa para o futuro, garantindo que inovação e governança caminhem juntas para a sustentabilidade do negócio”, explica Borges.
O conselheiro deve ser capaz de ajudar também na mitigação de riscos, diminuindo as chances de a empresa passar por crises. Leandro Herculano, vice-presidente da Conselheiros TrendsInnovation, reforça essa visão.
“A comunicação estratégica dentro do conselho é fundamental para mitigar riscos. Empresas que se preparam para crises antes que elas aconteçam são as que garantem sua perenidade”, diz Herculano.
Os riscos incluem desde o avanço da concorrência até ameaças cibernéticas, mudanças regulatórias, processos judiciais (causas trabalhistas ou tributárias, por exemplo) e danos de imagem que uma empresa pode enfrentar. “Mas principalmente o risco de obsolescência, quando as empresas não conseguem identificar novos modelos disruptivos de negócios em seus segmentos de atuação”, acrescenta Herculano.
Além disso, um bom conselheiro deve ser capaz de adaptar modelos tradicionais de governança para empresas de diferentes portes, incluindo startups e scaleups, diz Márcio Teschima, membro do Conselho Consultivo e presidente da Associação dos Conselheiros TrendsInnovation na gestão 2023.
“A excelência deve estar no DNA da equipe, guiando decisões e ações diárias. Pequenos ganhos marginais podem gerar impactos extraordinários na longevidade das empresas”, acrescenta Teschima.
Segundo ele, um bom conselheiro incorpora boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG), além de princípios de diversidade e inclusão (DEI) como eixos estruturantes da empresa, garantindo que não sejam apenas modismos, mas parte da cultura organizacional.
A dinâmica do mercado exige que haja diversidade nos conselhos, como destaca Thierry Cintra Marcondes, associado da Conselheiros TrendsInnovation. “A diversidade no conselho não é uma questão de agenda ESG. É uma estratégia real de competitividade. Grandes inovações surgem quando há olhares diferentes sobre o mesmo problema”.
Dessa forma, o conselheiro não deve apenas acompanhar mudanças. Ele precisa ajudar a moldá-las. Empresas que contam com conselhos preparados para integrar governança, inovação e visão de futuro terão maior resiliência para enfrentar desafios e se posicionar como líderes de mercado, resumem os especialistas.
Qual formação um conselheiro deve ter?
“O conselheiro deve ser um generalista. Sendo assim, não é importante sua área de formação. Ele pode ser engenheiro, economista, advogado, administrador, jornalista, comunicador, especialista em ciência de dados, filósofo, psicólogo, médico, etc. Mas é fortemente desejável que faça uma formação em governança”, afirma Borges.
Ela explica que, sentindo uma necessidade de preparar profissionais para atuar nessa função, a própria Conselheiros TrendsInnovation oferece palestras e workshops voltados para a área. Para Gillian, existem também algumas soft skills (habilidades comportamentais) importantes para quem deseja se tornar um conselheiro
Entre elas estão poder de persuasão, escuta ativa, gestão de conflitos, habilidade em facilitação e moderação, pensamento crítico e sistêmico, resiliência e flexibilidade.
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