Especialista destacou como o comportamento consumista influenciou o desequilíbrio cerebral, o aumento dos vícios e as doenças mentais da população.
Na tarde do dia 7 de outubro de 2025, durante o 23° Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida, Javier Naveros, presidente da Associação Argentina de Promoção da Saúde, abordou o tema “Os impactos do consumo para a qualidade de vida”. Ele iniciou sua apresentação ressaltando que todos os seres vivos são consumidores.
Contudo, lembrou que, embora a tecnologia tenha avançado intensamente nos séculos XIX e XX, nosso cérebro segue uma estrutura evolutiva antiga, o que gerou um descompasso entre o progresso e a qualidade de vida.
Segundo Javier, o conforto proporcionado pela modernidade reduziu a prática de exercícios físicos, prejudicando a saúde geral. Ele explicou ainda que o cérebro possui um “sistema de recompensa”, responsável pela produção de dopamina, que equilibra as sensações de prazer e desprazer. No entanto, na sociedade do consumo, houve uma confusão entre felicidade e prazer imediato, alimentada pela produção de dopamina.
O palestrante destacou que as funções mais recentes do cérebro humano mostraram-se menos eficientes do que as mais antigas, o que contribuiu para um desequilíbrio no circuito de recompensa observado pela ciência. Além disso, a cultura atual reforçou comportamentos consumistas, como a romantização do uso de álcool e de outros vícios.
Os dados apresentados foram alarmantes: cerca de 64 milhões de pessoas no mundo enfrentam problemas relacionados ao consumo. No Brasil, aproximadamente 3% da população sofre com o consumo compulsivo. Entre os jovens, cresceu o vício em cassinos online, conhecidos popularmente como “bets”.
Diante desse cenário, Javier Naveros alertou para a estreita relação entre problemas de consumo, doenças mentais e fatores ambientais, como a pobreza, enfatizando a necessidade de estratégias integradas para enfrentar esses desafios.