Empresa familiar portuguesa, com 172 anos, usa a força das águas frias do Atlântico para diferenciar suas sardinhas e conquistar espaço em um setor que deve movimentar mais de US$ 26 bilhões até 2034.
Poucos produtos conseguem reunir tradição, sabor e estratégia de negócios de forma tão clara quanto a sardinha em conserva. O consumo global desse alimento básico deve atingir US$ 15,45 bilhões em 2025 e crescer até US$ 26,16 bilhões em 2034, a uma taxa anual de 6,03%, segundo estimativas de mercado. Nesse cenário, a Ramirez, fundada em 1853 em Vila Real de Santo António, Portugal, aposta em um diferencial natural: a qualidade dos peixes provenientes das águas frias do Atlântico.
A diferença começa no mar. Enquanto os peixes capturados em águas quentes, como no litoral brasileiro, tendem a ter carne mais magra e sabor suave, o Atlântico Norte, de temperaturas baixas, favorece sardinhas com mais gordura, macias e nutritivas. Esse perfil resulta em um produto com maior concentração de ômega 3, proteínas e minerais, além de sabor mais intenso.
“As sardinhas portuguesas são incomparáveis porque nascem em águas frias e cristalinas, o que lhes confere um sabor intenso e uma textura única. É um produto que carrega a essência do Atlântico e da nossa cultura, e que nos orgulhamos de levar até o consumidor brasileiro”, afirma Manuel Ramirez, presidente do conselho de administração e representante da quinta geração da família. Com 172 anos de atividade ininterrupta, a Ramirez é considerada a fábrica de conservas de peixe mais antiga do mundo em laboração.
A companhia gera cerca de € 35 milhões anuais, produz 50 milhões de latas por ano e mantém 220 colaboradores em sua moderna unidade “Ramirez 1853”, em Matosinhos. Desse volume, 60% é destinado à exportação, alcançando mais de 50 países, com 26 marcas internacionais no portfólio, algumas das quais centenárias, como a Ramirez, Cocagne, La Rose e Berthe.
No Brasil, a chegada da marca encontra terreno fértil. O consumo per capita de pescados no país é de 9,6 kg por pessoa, ainda abaixo da média mundial e da recomendação de 12 kg da OMS, mas a expectativa é atingir 12,7 kg até o fim do ano. Além disso, a captura da sardinha verdadeira no país já sofreu quedas de até 30% em períodos recentes, elevando a dependência de importados. Em 2011, mesmo com tarifas de importação de 32%, as sardinhas enlatadas de fora já representavam 5% do mercado nacional, sinalizando demanda reprimida por produtos premium. Para Manuel Ramirez, essa lacuna é uma oportunidade.
“Estamos na quinta geração de uma empresa que há 172 anos tem o mesmo compromisso: oferecer qualidade máxima, respeitando a tradição e a confiança dos nossos consumidores. É essa continuidade que nos diferencia no mercado global de conservas”, reforça o empresário.
O apelo não está apenas na tradição e na escala, mas também na nutrição e na conveniência. As sardinhas portuguesas oferecem níveis elevados de vitaminas do complexo B, cálcio e ferro, além da praticidade de um alimento pronto para consumo que dialoga, tanto com a rotina quanto com a alta gastronomia.
“Cada lata que chega ao Brasil é fruto de uma longa jornada de dedicação, conhecimento transmitido de geração em geração e do respeito absoluto pela matéria-prima que o mar nos oferece. Queremos que o consumidor brasileiro perceba essa diferença na primeira garfada”, conclui Manuel Ramirez.
Num mercado em franca expansão, a Ramirez traduz tradição, qualidade, inovação e diferenciação nos produtos e em estratégia de negócios, mostrando que, quando o mar é frio, o lucro pode ser quente.