Em um momento marcado por maior sensibilidade social e por debates globais sobre clima e sustentabilidade, as doações empresariais podem transformar realidades
O fim do ano sempre traz um aumento natural no espírito de solidariedade. É nesse período que indivíduos e empresas costumam revisar prioridades, reforçar compromissos e destinar mais recursos a causas sociais e ambientais. No último ano, por exemplo, o investimento social privado no Brasil cresceu 19,4%, segundo dados do IDIS, e especialistas estimam que 2026 mantenha esse ritmo de expansão. No mesmo período, doações individuais alcançaram R$24,3 bilhões, demonstrando que o país mantém uma forte cultura de generosidade, especialmente no último trimestre.
A COP30, que colocou o Brasil e a Amazônia no centro das discussões globais sobre clima, biodiversidade e justiça socioambiental, intensificou ainda mais o olhar das empresas para iniciativas de impacto. Com a pressão internacional por resultados concretos em sustentabilidade e com consumidores mais atentos, a filantropia corporativa passou a ser vista como parte estratégica da gestão e não apenas como ação pontual de final de ano.
Nesse contexto, projetos que unem impacto social e ambiental ganham protagonismo. Um exemplo é a EPI-USE, empresa global de tecnologia que integra o Group Elephant. A organização destina 1% de sua receita mundial ao programa Elephants, Rhinos & People (ERP). O projeto atua em duas frentes estruturantes: preserva elefantes e rinocerontes ameaçados e, ao mesmo tempo, promove o desenvolvimento socioeconômico de comunidades rurais na África do Sul. O modelo se tornou referência internacional por unificar conservação da fauna, geração de renda sustentável e educação ambiental.
A adoção de tecnologia também se tornou parte essencial do trabalho. “Usamos uma solução tecnológica baseada na SAP Cloud Platform para monitorar e rastrear os movimentos dos rebanhos. Dessa forma, conseguimos antecipar deslocamentos e evitar situações de caça furtiva. A tecnologia, quando aliada ao propósito, torna a proteção da fauna mais eficiente e salva vidas todos os dias”, afirma Roberto Medeiros, CEO da EPI-USE no Brasil.
A força desse tipo de iniciativa se torna ainda mais relevante em um ano em que o mundo cobrou, na COP30, compromissos mais ambiciosos de governos e empresas. A filantropia corporativa, quando estruturada e contínua, reforça a capacidade das organizações de impactar ecossistemas, apoiar comunidades vulneráveis e reduzir pressões sobre regiões ambientalmente sensíveis. É um recurso essencial para criar resiliência em meio às mudanças climáticas e às desigualdades sociais.
No Brasil, o investimento em iniciativas sociais também ganha força no fim do ano, quando projetos que atuam em periferias e comunidades de baixa renda têm maior visibilidade. A Fundação Fenômenos é um desses exemplos. Ao apoiar lideranças comunitárias por meio de capacitação, mentorias e aportes financeiros, a instituição impulsiona projetos de educação, cultura, inclusão e sustentabilidade. Suas ações demonstram como doações empresariais podem fortalecer redes locais e ampliar o alcance de iniciativas transformadoras.
A combinação entre final de ano, quando cresce o desejo de contribuir, e o impacto da COP30, que reforçou a urgência de ações climáticas e sociais, cria um ambiente propício para que empresas assumam um papel ainda mais estratégico na filantropia. O momento é ideal para consolidar práticas de impacto que se estendam ao longo de todo o ano.
Casos como os da EPI-USE e da Fundação Fenômenos mostram que o investimento social privado pode gerar mudanças profundas. A filantropia corporativa deixou de ser apenas uma manifestação de generosidade e se tornou uma ferramenta concreta de construção de futuro, alinhada às demandas ambientais, às necessidades das comunidades e ao novo posicionamento global que surgiu após a COP30.
